(dez 2018 – mar 2019)
Na terceira exposição de acervo do Instituto PIPA, inaugurada no dia 08 de dezembro, foram reunidos trabalhos de oito artistas para discutir a ambivalência entre ruína e construção, tão característico do mundo contemporâneo. A exposição reúne pintura, vídeo e fotografia, num conjunto que dialoga com a instalação de Henrique Oliveira, inaugurada concomitantemente a exposição. “Entre ruína e construção”, curada por Luiz Camillo Osorio, lida com as noções de reconstrução, resgate, transformação. Assim como a instalação de Oliveira propõe uma espécie de reivindicação da natureza de um espaço que fora seu outrora, os trabalhos de Luciana Magno, Renata Lucas, Rodrigo Braga, Pjota, Gaio, Luiz D’Orey, Berna Reale e Tatiana Blass presentes na exposição propõem uma reflexão sobre precariedade e permanência. Luiz Camillo Osorio pontua:
“Há que se construir, seguimos comprometidos com a construção do mundo, mas sabemos que nada fica mais de pé por muito tempo. Entre o lixo e o luxo, sobram resíduos e boas intenções, faltam escala e permanência. O imediatismo de nossa sensibilidade acelerada aposta no obsoleto, tudo vira detrito antes de ser vital. Entre a escultura e a casa, temos que reinventar a habitação, o cuidado, novas formas de viver com o tempo”.
(jun – ago 2018)
A segunda exposição com obras do acervo do Instituto PIPA, na Villa Aymoré, discute a construção de identidade no mundo contemporâneo através de fotografias e vídeos de Berna Reale, Marco Antonio Portela, Paulo Nazareth, Shima e Virginia de Medeiros. Em “Achados e Perdidos”, os (auto-)retratos expostos procuram deslocar o indivíduo da imagem ideal e admirável, marginalizando-o na decadência. Os trabalhos foram selecionados pelo curador do Instituto PIPA, Luiz Camillo Osorio, que assina o texto introdutório transcrito abaixo:
“Tudo hoje em dia é construção e circulação de imagem. Por um lado, uma vontade enlouquecida de se mostrar para que sejamos um produto desejável – profissionalmente, afetivamente, politicamente. Por outro, o desejo libertário de se inventar sem seguir modelos prévios de normalidade. Trocando em miúdos: somos ao mesmo tempo mercadoria e fabulação, sujeito e objeto, produto e processo.
É inquestionável que estamos todos cansados de tanta representação. As identidades fixas que definiam o que era bom e normal são pouco sedutoras; não obstante a necessidade de afirmação de identidades historicamente marginalizadas. Nesta exaustão identitária, procurar deslocar modelos e imagens é parte de uma política inerente às artes.
Os artistas aqui expostos trabalham com imagens de si que circulam na contramão do narcisismo. Procuram inventar papéis improváveis, multiplicar referências sociais e desorientar nossa capacidade de reconhecer, classificar e, consequentemente, excluir. Ser muitos e ser com os outros é um imperativo ético nesse mundo de trânsitos e desigualdades. Esta é a aposta que perpassa estas fotografias e vídeos de Berna Reale, Marco Antonio Portela, Paulo Nazareth, Shima e Virginia de Medeiros.” _ por Luiz Camillo Osorio.
(mar – jun 2018)
O Instituto PIPA abriu a sua primeira exposição de acervo, “Depois do fim, antes do começo” no dia, 09 de março, na Villa Aymoré. Apresentando obras de sete artistas, a mostra tem como tema deslocamento – que, como escreve Luiz Camillo Osorio no texto introdutório à mostra, hoje não se limitam mais ao espaço, tendo invadido também o tempo e o corpo:
– O nomadismo, as migrações, as indeterminações de gênero, as mutações genéticas, a obsolescência de coisas e pessoas e as afirmações e questionamentos identitários tornaram-se a regra, ou seja, deslocamentos, intencionais ou forçados – escreve o curador do Instituto PIPA. – Os artistas que aqui mostramos nessa primeira exposição falam à sua maneira disso tudo.
Os artistas em questão são Berna Reale, Cadu, Luciana Magno, Paulo Nimer Pjota, Rodrigo Braga e Paulo Nazareth exibindo trabalhos em vídeo, fotografia, gravura e instalação. Todos velhos conhecidos do Prêmio PIPA: enquanto Berna Reale e Rodrigo Braga foram finalistas e Cadu e Paulo Nazareth, vencedores em 2013 e 2016, respectivamente, Luciana Magno e Paulo Nimer Pjota já ganharam o PIPA Online. A ideia é justamente que Instituto e premiação caminhem lado a lado, com o Instituto comissionando e adquirindo obras de artistas que já participaram do Prêmio PIPA ao longo dos anos. Afinal, os dois partilham o objetivo de promover e incentivar a arte contemporânea brasileira. Nas palavras de Luiz Camillo Osorio:
– A arte insiste em abrir possibilidades, encarando as ruínas e buscando pensar/saltar além do abismo que está a nossa frente. Esta é a aposta ao formamos essa coleção e incentivarmos a produção contemporânea com o Prêmio e o Instituto PIPA.